Ainda relativamente conservadores, mesmo que de olho em novas ações, os investidores devem buscar empresas mais sólidas. O mercado fala em setores como infraestrutura, saneamento, telecomunicações para os próximos IPOs — companhias que, via de regra, têm negócios mais consolidados, com menor risco e execução mais garantia de geração de caixa. “Para abrir mão de um investimento mais conservador e seguro (que rende 1% ao mês, por exemplo), o investidor deve apostar em empresas que ele já conhece de alguma forma”, diz João.
O setor de tecnologia, por exemplo, pode ficar um pouco mais de lado. João cita como exemplo o próprio case da Cimed, que apesar de não ter IPO previsto, tem sido sondada e é uma companhia que tem mostrado crescimento constante. Em 2020 e 2021, muitas empresas pequenas ou muito inovadoras, de tecnologia, foram à Bolsa para captar dinheiro. Mas depois, por serem menores, acabam não negociando tanto assim na Bolsa, e ficam com baixa liquidez. “Tendo pouca liquidez, você acaba tomando um desconto muito grande nas ações. De forma geral, acho muito difícil no próximo ano haver uma rodada de empresa small caps, por exemplo”, diz João Pedro.
Você pega uma Cimed, uma farmecêutica muito forte, de um setor super saudável que está crescendo. Você vai investir em uma Cimed, de um setor que todo mundo consome, ou de numa empresa cujo negócio que não está gerando caixa, que tem muita incerteza, que tem um modelo de negócio que ainda não está super sólido? A Enjoei (ENJU3) tinha tudo para decolar, e aí você viu que a demanda não se concretizou. A GetNinjas (NINJ3) teve choque entre o CEO e outros acionistas. Então a gente vai para empresas mais sólidas.
João Pedro, diretor de Investment Banking da Criteria
Seca acontece depois de recordes de IPOs na Bolsa
2021 foi o ano recorde de IPOs na B3. Ao total, foram 45 ofertas públicas de ações, de companhias como Assaí, PetroReconcavo, Intebras, GetNinjas, Espaço Laser e outras. Cerca de R$ 65 bilhões foram captados, superando a marca dos R$ 55 bilhões em 2007.
Apesar da pandemia da Covid-19 ter impactado os mercados de todo o mundo, o cenário em 2020 e 2021 era otimista. A taxa de juros no Brasil, por exemplo, estava em sua mínima histórica de 2%, e só começou a ser elevada no meio de 2021. O Ibovespa, principal índice da B3, atingiu a máxima histórica no mesmo ano.