Fonte: Economatica, de 2 de janeiro a 28 de dezembro de 2023
Por que essas ações subiram?
A rentabilidade da Bolsa e os juros têm uma relação inversa: se um sobe o outro cai. É o que explica Fernando Bresciani, analista de investimentos do Andbank. A Selic de 13,75% prevaleceu por quase um ano, e isso fez o preço das ações cair. Então, este ano, quando o mercado começou a esperar a queda de juros – que aconteceu a partir de agosto – as ações passaram a se valorizar.
Ações estavam baratas. Quando os papéis começaram a se valorizar, estavam em um patamar muito baixo. Isso explica altas tão elevadas em 2023.
Analisando as altas, há dois conjuntos distintos: o primeiro é o das empresas que se beneficiaram da queda nos juros. “O mercado se antecipou ao ciclo de corte na Selic e foi comprando as ações que tinham mais a ganhar com isso”, explica Breno Bonani, analista da Alphamar Invest, de Vitória. São empresas endividadas mas com capacidade financeira para sair do buraco.
Yduqs, Cogna, Cyrela Realty e BRF estão nesse conjunto. A primeira colocada do ano, a Yduqs, é a empresa do setor de educação com as contas mais em dia. Sua dívida, de R$ 2,57 bilhões ao final do terceiro trimestre, não atrapalha a performance da empresa, que viu o lucro crescer mais de cinco vezes no terceiro trimestre do ano. Ajudada também por programas educacionais do governo federal (assim como a Cogna), a Yduqs ganhou com os juros menores. A sua dívida caiu, e os consumidores que conseguiram um alívio nas contas puderam investir em educação. “E ela tem potencial de continuar crescendo em 2024”, diz Gustavo Biserra, analista da Nova Futura.