Haddad reiterou o compromisso, mesmo após a fala de Lula. Mas há descrença sobre a possibilidade real da meta ser atingida. Alessandra explica que, ainda assim, é importante que a Fazenda se mantenha firme porque isso direciona esforços para que o déficit zero seja atingido de alguma forma.

Se você não cumpre a meta, há mecanismos de ajuste já previstos no arcabouço fiscal que precisam ser acionados. Se você muda a meta, não aciona os gatilhos e nunca gera a correção, esse é o problema. Muito ruim mudar a meta mesmo ela não sendo factível, porque você começa a tirar credibilidade do que foi construído do regime fiscal. Se mudar para 2024 vai ter que mudar 2025 e 2026. Por isso é tão ruim, vai ser desafiador, uma batalha dura especialmente para o Haddad.
Alessandra Ribeiro, economista da consultoria Tendências

A economista também avalia que a economia deva desacelerar em 2024. Tanto pela questão fiscal, como pelo ambiente político mais difícil e mesmo por um menor impacto do agro, que deve crescer menos.

O ano também deve ser de muita incerteza. Genilson, da Conta Black, explica que será mais possível ver como as coisas vão caminhar mais no início do ano. Muitas metas podem acabar flexibilizadas, a depender inclusive de fatores externos.

O mercado, segundo o Boletim Focus, acredita que a Selic deva chegar em 9,25%. Isso vai depender da economia, inflação, geração de emprego. Se tudo correr conforme esperado, com inflação dentro da meta, acho que o Brasil pode atingir a meta. Mas pode acontecer alguma coisa que ninguém está esperando durante o ano, um fato externo, como foi a guerra entre Rússia e Ucrânia, ou mesmo o conflito na Palestina, — que gerou muita preocupação mas acabou que não teve grande impacto para o Brasil.
Genilson Junior, head de investimentos da Conta Black

Brasileiros esperam um 2024 melhor

Apesar das ponderações dos especialistas, os brasileiros estão mais otimistas para 2024. A mais recente pesquisa Radar Febraban, realizada pelo Ipespe (Instituto de Pesquisas Sociais, Políticas e Econômicas) com duas mil pessoas, entre os dias 29 e 2 de novembro, nas cinco regiões do país, apontou que quase seis em cada dez entrevistados (59%) acreditam que o Brasil vai melhorar em 2024, quatro pontos a mais que no mesmo período de 2022 (55%), pouco antes do novo governo assumir.

Fonte: UOL